A dor e a delícia de ser o que se é

Então eu caí. E caí tão profundamente que nem percebi. Demorei. Tive sim lampejos de desconfiança que as coisas não iam bem, que eu precisava de ajuda, que eu havia perdido o controle. Controle. Controle? Que besteira. Isso não existe. E é justamente essa ilusão que nos aprisiona. Eu achava que tinha o controle de não controlar. Ahhh a mente (que mente)… essa danadinha! Mas foi. E a estafa mental veio. Veio com tudo. Crises pesadas me derrubaram. Pensamentos (muito) ruins borbulhavam. Aí depois eu sentia culpa. Aí depois eu sentia vergonha. Aí depois eu sentia medo. Muito medo. A ânsia de não saber o que fazer bateu. Bateu com força. Não sabia o que fazer. Não via saída. Onde eu perdi minha autonomia? Cadê? O que me caracteriza? O que é? O que sou? E eu me sentia uma impostora. Uma covarde. Depois de tanta andança, de tanta teoria, de tanto yoga, de tanta meditação… Nada? Nada. Eu não conseguia alcançar essas informações, não conseguia trazer pro meu corpo tudo isso que eu tinha na consciência. Não dava. Ou eu comia, ou eu tomava banho. E não esqueça de respirar! Um projeto de viagem esperando pra sair, mas eu me desesperei por não saber. Eu não sei. Eu não sei como. Nem sei o porquê. Alguém sabe? Você sabe??? Calma. É pra fazer sentido? É pra dialogar com seu coração? É pra não ser autocentrado? SIM. Isso. É e precisa ser, por favor. Então calma. Se aconchegue na sua família, aceite ajuda e vá um passo de cada vez. Procure tentativas possíveis e viáveis. Onde?!?! Calma. Já enxergou? Pronto. Agora vai. E devagar eu tô indo. E, no momento, isso significa ficar. Ficar na permanência da impermanência. Tem a semente. Tem a árvore. Tem a flor. Tem o fruto. E tudo tem seu tempo, eu ouvi no Cursilho. Anicca, eu ouvi no Vipassana. O tempo da escuta, eu ouvi na Comunicação Não Violenta. Estado de presença, eu li no Poder do Agora. Faça o que é possível hoje e não julgue, eu aprendo na yoga.

Então pronto.

Por mais que – misteriosamente – meu mapa astral não aponte a predominância desse elemento, meu signo de ar – Libra – não me desmente: posso flutuar e me perder muito facilmente. Eu voo e posso mudar como o vento. Vata. Muito Vata. A cosmologia Maia diz que sou Noite Elétrica Azul. Facilmente também me perco nas profundezas escuras. Sim, Bruna, há que se mergulhar profundo, mas também é preciso voltar. Volte! Voltei. Mas sou ar e posso ir, por isso, agora quero aterrar. Terra…

“Sem ti me consumiria

A mim mesmo eternamente

E de nada valeria

Acontecer de eu ser gente

E gente é outra alegria

Diferente das estrelas…

Terra

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?”

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